segunda-feira, fevereiro 15, 2010

Canionismo/Resgate (I): Relato de um acidente em Maquiné/RS

Foto: Adriana Franciosi - Jornal Zero Hora

 Alguém já disse que o conceito de SORTE não é o acaso, mas sim o resultado de PREPARAÇÃO + OPORTUNIDADE.

Pois este foi exatamente o caso do canionista mineiro Juliano Romancini que neste feriado de Carnaval acidentou-se gravemente no município de Maquiné/RS e somente sobreviveu devido aos corretos primeiros socorros recebidos dos seus colegas de atividade.

Juliano e outros companheiros estavam participando de levantamento de novos locais para a prática do Canionismo no Rio Grande do Sul, todos com sólida formação técnica e ampla experiência no esporte. Dentre eles três membros da Associação Cânions da Serra Geral - ACASERGE de Porto Alegre, Neyton Reis - Rafael Britto e Tatiana Bressel, sendo que os dois últimos participaram recentemente comigo do curso de primeiros socorros em áreas remotas ministrado pela NOLS/Brasil na nossa Capital (Veja o post em http://terra-australis-br.blogspot.com/2009/12/primeiros-socorros-em-areas-remotas.html).

A farta experiência da equipe em atividades outdoor e o preparo para situações de emergência certamente contribuíram em muito para a sobrevivência de Juliano.

Uma vez que está bem fiel ao ocorrido, reproduzo a notícia publicada pela Zero Hora no dia de hoje:

"Resgate dramático em Maquiné  - Ao despencar sobre um empresário que praticava canionismo, uma rocha tornou dramático o fim de semana de um grupo de esportistas gaúchos, catarinenses e paulistas na Serra do Umbu, no município de Maquiné, no Litoral Norte.

Com múltiplas fraturas, Juliano Romancini, 38 anos, de São Miguel do Oeste (SC), ficou 18 horas à espera do resgate em uma fenda entre duas montanhas a 32 quilômetros da sede do município, até ser içado por um helicóptero.

O acidente aconteceu por volta das 18h de sábado, quatro horas depois de o grupo de cinco pessoas iniciar um deslocamento que deveria ser de dois quilômetros junto ao curso de um rio. Prensado pela rocha na base de um penhasco de 300 metros de altura, Romancini sofreu fraturas na bacia, em um dos pés e passou a ter hemorragia.

Dois colegas que integravam o grupo pediram socorro por rádio a companheiros que exploravam outro cânion nas proximidades e deixaram o local em busca de ajuda para o ferido. Um homem e uma mulher ficaram prestando apoio a Romancini. Com a chegada da noite, não houve possibilidade de resgate, e os três permaneceram isolados até o amanhecer.

Pela manhã, bombeiros chegaram ao local por terra enquanto policiais militares sobrevoavam a região com um avião Ximango. Por volta do meio-dia de ontem, um helicóptero do Grupamento Aéreo da Brigada Militar conseguiu introduzir na fenda uma maca, por meio de uma corda de cerca de 300 metros de comprimento.

Em um procedimento de alto risco e complexidade, Romancini foi imobilizado na maca e içado para fora. No total, conforme o major Carlos Franck Simanke, comandante do helicóptero, a vítima ficou 35 minutos suspensa até ser levada em segurança a um descampado, onde, por terra, continuou o resgate. Por causa da chuva, que havia começado a se intensificar, o helicóptero não conseguiu pousar nas proximidades do local do acidente.

– Nossa maior dificuldade foi porque este é um vale muito estreito, onde o helicóptero fica muito perto das paredes de rochas e árvores. Essa também é uma região de serra, onde as condições meteorológicas mudam muito rápido. Quando estávamos içando a vítima, a chuva intensa dificultou um pouco – explicou o major Franck.

Amigos foram removidos só cinco horas depois - Romancini, que é ex-presidente da Associação Comercial e Industrial e da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de São Miguel do Oeste, passou por cirurgia no Hospital Santa Luzia, em Capão da Canoa, e seria transferido à noite para o Hospital Mãe de Deus em Porto Alegre.

Os amigos que ficaram com a vítima – a bióloga Tatiana Bressel, 34 anos, de Porto Alegre, e Walter Martins Guerra Júnior, 40 anos, de São Paulo – só foram removidos pelo helicóptero da BM por volta das 17h, cerca de cinco horas depois do resgate de Romancini. Eles haviam recebido mantimentos para suportar as quase 24 horas isolados na mata, e não tiveram ferimentos. "

O acidente, decorrente de um caso meramente fortuito, ocorreu no sábado dia 13/02, por volta das 18h, mas devido a dificuldade de acesso ao local de mata densa e estradas precárias, o resgate de Juliano foi bastante complexo.

Conforme relato para o jornal Correio do Povo, o major Carlos Frank, chefe de equipe do Grupamento Aéreo da Brigada Militar na Operação Golfinho registrou que “É um local muito complexo, de difícil acesso. Tivemos que efetuar um sobrevoo e o efetivo desceu em rappel até a vítima, para desestabilizá-lo. Ele estava com hemorragia interna e provável fratura de bacia”.

Após o resgate de helicóptero o paciente, já em estado bastante grave, foi transferido por terra para o hospital Santa Luzia, em Capão da Canoa/RS, onde passou por uma cirurgia de estabilização antes de ser levado para a CTI do Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre.

Foto Camila Domingues - Jornal Correio do Povo
Em breve sigo com mais dados do ocorrido (veja link abaixo).

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SAIBA MAIS AQUI NO TERRA AUSTRALIS:

- 17/02/2010: (II) Relato de um acidente em Maquiné/RS

- 01/12/2011: Canionimo - Discovery Channel poderá reconstituir resgate no Rio Grande do Sul



 

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